Horizontes Lineares

A beleza das imagens duplicadas _ e também o amor pelos espelhos, instrumentos mágicos, nos quais a banalidade se perde, abrindo caminho para a profusão. Espelhos criam abismos, imensas gargantas do ser onde nada se completa. Onde não se pode ver o fundo. Através de que, indefesos, mas felizes, despencamos. Tudo ao contrário do mundo frenético e luminoso de hoje, apaixonado pelas certezas, pelo “como fazer” e pelas garantias, pelas planícies. Há sempre mundo submersos _ panoramas submersos _ que correm sob aquilo que estamos acostumados a ver. Sombras, desmentidos, negações. Paisagens obscuras ajudam a definir a claridade. A luz só existe porque existe a escuridão. Avesso e direito. Como pensar em um casaco sem o seu avesso? Como pensar a natureza sem pensar no antinatural?